“Dantes é que era! Se aqui entrasse há dois anos…” – disseram-me esta semana numa reunião de diagnóstico. Quando o passado é melhor que o presente, é verdade, parece que dava vontade de o trazer de volta…
Mas a vida das empresas faz-se da acção consistente no presente e do investimento que fizermos para transformar estrategicamente o futuro.
Olhar pelo retrovisor é importante, para ir buscar picos emocionais, para termos a confiança de que é possível, para capitalizarmos o que fizemos bem e fazermos as leituras e as aprendizagens certas dos nossos erros.
Estarmos demasiado conectados ao passado resulta muitas vezes em saudosismo, em ficarmos à espera de melhor contexto e, quanto mais esperamos por tempos melhores, piores eles se tornam…
Preso aos Clientes?
E a que clientes?
Costumamos dizer que não temos clientes a mais e que não podemos deixar nenhum insatisfeito sequer…
Mas quem são hoje os seus clientes? Os mesmos do passado? Quantos clientes novos teve recentemente?
Os seus clientes são os que compreende porque, tal como a vossa empresa, também eles estão em dificuldades?
Excluindo os clientes que não têm como lhe pagar, tem ainda clientes que são amigos e, como tal, não tem coragem de lhes pedir o dinheiro que lhe devem.
Aos que não lhe pagam, não deixa de vender, porque sempre que vende, poderá receber mais algum…
Numa altura em que cada migalha é pão, fica cada vez mais difícil gerir determinados processos pela emoção. É que a sua tesouraria não pode ficar ao acaso, senão já sabe que isso tem um preço demasiado alto.
Que estratégias estamos a lançar e que produtos / serviços estamos a levar ao mercado para atrair os bons? Porque só os que têm sucesso levam a que nós tenhamos sucesso…
Não se conforme com pouco se pode ter muito, sobretudo se precisa de ter mais!
Faça um plano de recuperação de créditos, seja disciplinado e assertivo nos prazos, exija a sinalização de encomendas quando tal faz sentido, não permita que a relação abra excepções que se tornam regra… lembre-se que a carteira do seu cliente ou o extracto bancário dele podem não ter as mesmas prioridades que os seus.
Amarrado à Equipa maravilha?
Também sei que a sua equipa era uma maravilha…
Não me leve a mal, mas nesta fase em que é mais difícil os resultados aparecerem (pelo menos os mesmos) temos visto algumas equipas (ou alguns elementos) passarem de bestiais a “bestas”.
Sei que na sua empresa isto não acontece, e que, nem que fosse por um dia ou um desabafo num almoço, era capaz de pensar assim…
Nesses outros casos, se calhar as pessoas até são as mesmas, mas não mudaram o seu registo, a sua resposta, não aprenderam mais, não se prepararam melhor, por culpa deles, e às vezes por culpa dos seus líderes também.
Pode acontecer que eles não tenham ajustado o desempenho, o compromisso. E será que os responsáveis ajustaram a sua liderança e a sua comunicação às novas exigências?
Hoje não podemos não ter a melhor equipa…
Se não são bons, se não são os que surpreendem e os que podem levar o barco para a frente, sai caro demais ter estes recursos a bordo… E se não fizermos nada quanto a isso, nunca vamos ter a “Dream Team” que tanto ambicionamos para a nossa empresa.
Nesta altura estará a pensar naquele recurso, sim… esse, e que fez as contas e custa muito caro dispensá-lo.
Não será muito mais caro mantê-lo? Alguma vez fez contas sobre o que poderá deixar de ganhar se estivesse outra pessoa a ocupar esse lugar? Pois, esse é o custo da oportunidade, poderá ser melhor não a desperdiçar.
E se a sua equipa é mesmo uma equipa maravilha, trate-a muito bem, porque ela merece!
Às vezes dizem-nos: “Ai este ando com ele ao colo senão qualquer dia vai-se embora”… Será por aí?
Ninguém procura outro emprego exclusivamente por dinheiro ou para ter um “chefe mais querido/amigo”. Nada de cair no erro frequente de “apaparicar” mais os bons e desinvestir nos outros, senão estes últimos vão tornar-se piores e ainda vai ter que se sujeitar ao ruído de que há tratamentos preferenciais.
Se, ao invés, andar ao colo com um recurso é desafiar mais, é delegar mais, é dar novas responsabilidades, é ajudar a crescer, então não podemos estar mais de acordo. Isto é o que os melhores efectivamente procuram, a par do reconhecimento e realização profissional!
Ancorado na sua Zona de Conforto?
Citando Benjamin Franklin, “A maneira de estar a salvo é nunca estar seguro.”
E hoje estar seguro é estar “desconformado”, é ser inquieto, perspicaz, pensar o que ninguém pensa, correr os riscos necessários, e agir na direcção dos nossos sonhos.
É preciso sair da zona de conforto, acreditar nos impossíveis, fazer o que nunca se fez, fazer pela sorte, dar o exemplo, liderar a nossa equipa como sabemos que ela precisa de ser liderada e comunicar o bom e o mau.
E, acima de tudo, é preciso estar disposto a pagar o preço…
Vamos cortar as amarras?
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